Incêndios

02 de outubro de 2013

Domingo passado fui ao teatro ver a Marieta Severo em Incêndios. Eu sou uma apaixonada pela Marieta. Apaixonada mesmo. Amo tudo nela… O lifestyle, as escolhas, a interpretação… Me interesso muito por tudo que ela coloca a mão. E lá fui eu, ao teatro Poeira aqui no Rio para assisti-la num dos mais importantes textos da atualidade. Ela atua. E produz. Ela realiza.

Incêndios foi encenada em mais de quinze países, ganhou os principais prêmios internacionais, mega sucesso de críticas e público. Trata-se da saga da árabe Nawal (personagem da Marieta), cuja vida é atravessada por décadas de uma guerra civil que parece nunca ter fim. Segredos, mistérios, encontros e abandonos na busca dessa moça pela reconstituição de laços maternos.

A gente, platéia, fica desconfortável o tempo inteiro. Vamos nos contorcendo com os atores a cada descoberta… É uma peça bem verborrágica. Sem grandes efeitos ou cenários. Sem projeção. São os atores e ponto. E texto. Muito texto. A peça é longa. Teatro para quem gosta de teatro. E de história. Para quem gosta!

Confesso que demorei para engrenar… Mesmo gostando (muito!) de teatro. A primeira metade levei arrastando. Fixando os olhos para tentar embarcar, sabe? Sininho da frustração ameaçando a tocar… E quando eu menos esperei tudo aconteceu. E a mágica se fez. E Marieta deu aula entre tantas tragédias e separações… Tem um monólogo dela descrevendo algumas torturas que foi submetida que é uma das coisas mais lindas que já vi no teatro. Aí faltou ar e sobraram lágrimas… Ali eu já era cúmplice dela. Estava ali com ela. De mãos dadas. Abraçando a sua dor.

Separei um trecho de Wajdi Mouawad (o autor) falando sobre a peça:

“Incêndios não é propriamente uma peça sobre a guerra, e sim sobre promessas que não são cumpridas, sobre tentativas desesperadas de consolo, sobre maneiras de se permanecer humano num contexto desumano”.

É isso! Exatamente isso! Maneiras de se permanecer humano num contexto desumano… E a peça acaba e não me lembro de nem um segundo de possível tédio nos primeiros 50 minutos. A peça tem duas horas. Compensa. Vale a pena. Muito a pena… Tudo faz sentido no final.

A direção é do Aderbal Freire-Filho. Tá na minha listinha de sonhos ser dirigida por ele… E contracenar com ela… Um dia, quem sabe… Precisamos sonhar para ter no que correr atrás, né, não?! Sigo sonhando daqui… Sempre!

TEATRO POEIRA

Horários: Quintas, sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h.

Classificação etária: 14 anos.

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