Fui assistir a Zezé Deusa Polessa no teatro. Ela. Daniel Dantas, outro muso. Ana Kutner. E Erom Cordeiroque sou fã de carteirinha. Elencão. Textão. Todas as expectativas acesas!
Sabia que o texto já era consagradíssimo e que o autor (Edward Albee) era super exigente com suas remontagens. Só libera os direitos do texto depois de tudo pronto: cenário, figurino, tradução e atores ensaiados. E assim foi. Espetáculo pronto, impecável e a autorização dada.
Quem dirigiu foi Victor Garcia Peralta. Chegamos a pensar nele quando escolhemos o diretor da nossa peça. E, depois de ver Virginia Woolf, deu ainda mais vontade de trabalhar. Amei as escolhas. O texto por si só é brilhante. Longo. Mas brilhante.
Achei a tradução do João Polessa Dantas (filho dos dois protagonistas!) muito boa. A peça tinha dois atos, preferiram ficar com um ato só. Por isso 2 horas e meia de peça que arriscam uma piscada de olho para os menos envolvidos ou um desconforto na cadeira por mais envolvido que você esteja, mas que valem muitíssimo a pena.
O cenário (do Gringo Cardia) é fantástico. Um dos mais legais que já vi. O palco gira 360 graus deixando a gente embarcar na loucura e embriaguez dos personagens. Aliás, os personagens. Falemos deles! Show de interpretação. Daniel Dantas eu nunca tinha visto tão interessante. Personagem complexo, profundo, cheio de bifurcações maravilhosas e ele vai na poesia. Poesia da dor. No amor. Na derrota. Que lindo o trabalho dele. Zezé também maravilhosa. Perfeita. Que delícia vê-la musa em cena. Corpão. Gata. Forte. Intensa. Forte até nos momentos de fraqueza da personagem. Marcante.
Se você curte teatro tem que ver. Tem que ir. Contemplar o trabalho desses dois monstros. Ana eErom (sou fã! Já disse!) entregam bem também. Mas a peça é do outro casal. Nem teria como ser diferente.
História que rende boas discussões para o jantar pós-peça. Faz pensar. Faz repensar. Enfim… Faz! Mexe. Pelo menos comigo mexeu demais. E vou adorar saber as impressões de vocês que pagarem para ver!
QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF: Teatro dos Quatro. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h.