Antes da Meia Noite

10 de julho de 2013

Tô completamente ausente das salas de cinema. Vi pouquíssimas coisas esse ano. Primeiro porque tava imersa na peça e com zero tempo. Depois fiquei um tempo viajando. Depois… Enfim! Cinema é hábito, né? Como tudo na vida… Mas já estava sentindo falta (vocês sentiram das “críticas” de filmes aqui?!) e já tô correndo atrás do prejuízo.

Antes da Meia Noite foi indicação do (amigo, muso e autor da minha peça!) Junior de Paula. Somos bem parecidos. E ele disse assim: “o filme deveria ser obrigatório para qualquer ser humano adulto”. Indicação dele para mim é ordem. Ainda mais com o adendo: “você vai voltar com mil crônicas pro blog. É muito nossa cara.”. Ok, troquei de roupa na mesma hora e corri pro cinema mais perto de casa.

Como (quase!) sempre ele tava certo… Como ele me conhece… Como o filme fala com a gente… Toca. Emociona. E sem nenhum esforço… Sem grandes elaborações. Sem roteiro megalomaníaco. Nada. Só pela relação exposta entre os dois protagonistas. Pela identificação de ser humano, sabe? Por a gente já ter passado por isso ou aquilo ou pelo medo de vir a passar…

Acho que o mérito maior é dos dois protagonistas. Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Os caras tem (muita!) química. Você se sente cúmplice do casal. É tão de verdade. Eles fazem tudo tão de verdade. Com planos sequência sem fim, ela com zero maquiagem, totalmente confortável consigo mesma, uma caracterização que você não vê. Sensível. Quase nada. De novo: é tudo tão simples e genuíno que a sensação que dá é de que é de verdade.

O filme é continuação de “Antes do Amanhecer” (1995), quando os dois se conhecem acidentalmente num trem em seus 20 e poucos anos, e ela topa descer com ele em Viena para passarem umas horas juntos até seu próximo vôo. Se apaixonam e se despedem no final com promessas de um reencontro no futuro. E de “Antes do Pôr do Sol” (2004), quando 9 anos depois, Jesse e Celine, já na casa dos 30, se encontram casualmente em Paris, ambos insatisfeitos com os respectivos relacionamentos e, embora ressuscitem a antiga paixão, o filme termina sem a gente saber se eles seriam felizes para sempre.

Vocês viram os outros dois? Não é obrigatório não, você consegue acompanhar o filme numa boa sem ter visto mas tudo faz (muito!) mais sentido paara quem viu. A dor/amor dos dois ganha ainda mais consistência. E a gente torce e sofre ainda mais.

Eu tinha visto o primeiro só. E já tô louca pelo segundo. Aliás, devo rever os três cronologicamente numa noite qualquer dessas aí… Me interessa muito o caminho de um casal nos dias de hoje… As bifurcações. Pedras. Desvios. Anos e anos depois… Num momento em que nada dura. Que tudo é substituível.

A cereja do bolo veio num google para checar a grafia dos nomes dos atores e diretor (Richard Linklater) para este post, li que os roteiros foram escritos a 6 mãos. Não sabia! Mas há quase duas décadas atrás, Linklater se uniu a HawkeJulie (uhum, os dois atores!) para criar o primeiro. 10 anos depois o segundo. E mais 10 depois, agora, o terceiro. Mais ou menos isso… Taí também mais uma explicação para tanto domínio dos atores pelos seus personagens. Eles fazem parte daquilo. Legitimamente.

Prepare-se para diálogos sem fim. 3 filmes completamente verborrágicos (amo!). Mas com muita bossa nas discussões… Ri. Chorei. Refleti. E saí do jeito que mais gosto de sair do cinema: pensando.

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Curta - Julia Faria

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