Já escrevi aqui (algumas vezes!) o quanto eu gosto de assistir biografias e histórias verídicas. Amo escutar a história das pessoas. Aprender mais sobre elas. Saber que aquilo tudo é real. Legítimo. Que aconteceu. Também adoro uma ficção, claro, mas confesso que tenho uma queda especial pelo “baseado em fatos reais”. E Flores Raras foi mais um desses na minha conta!
Trata-se da relação entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares(Glória Pires) e a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto). Começo, meio e fim da relação. E em paralelo as carreiras de cada uma. Do luxo a decadência. Ambas. Deslizando pelos ups and downs que a vida dá.
O amor gay é tratado como uma não-questão no filme. Sem nenhum escândalo ou gravidade, sabe? Representado lindamente por Miranda e Glória. Com entrega e sem afetações. Na medida. Do jeito que tem que ser.
Na saída do cinema escutei o papo de um casal em que o marido dizia para esposa: “ela é tão boa que para mim vai ser sapatão para o resto da vida”. Era um elogio. Um elogio a maravilhosa interpretação (em português e em inglês!) de Gloria Pires. Que faz a gente sentir o desejo da sua personagem pela outra mulher. Que faz a gente acreditar que de fato aquela mulher que já estamos cansados de ver fazendo tanta coisa por aqui é Lota. Uma sensível e forte lésbica. Intensa. Belíssima interpretação. Das duas, claro. Mas não podia deixar de enaltecer Gloria… Deu show.
Vale falar também da fotografia do filme. Um Rio de Janeiro dos anos 50 e 60 muito bem retratados. Orgulho de ver nosso Rio vintage! Haha… Tão lindo. Tão poético.
Agora o que mais me tocou no filme, foi olhar de fora a relação de amor das duas. Analisar o trajeto todo. Como começa e como termina. Um dia da caça, outro do caçador. Intrigante. Nem sempre o lado que parece ser o mais fraco é o que derruba no final. A vida é uma caixinha de surpresas… Surpreende. Assusta. É o negócio é dançar conforme a música… Não se entregar.
Adorei o filme. Achei lindo. Tocante.
E dá-lhe cinema nacional!